Um Plano para a Cura do Homem e da Terra
por Monika Alleweldt,
Verlag Meiga
O «Plano dos Biótopos de Cura» é uma estratégia de paz global, que desde há mais de 40 anos é desenvolvido pelo Dr. Dieter Duhm, por Sabine Lichtenfels, e outras pessoas, em teoria e na prática, com o objectivo de introduzir um processo de cura global sobre a Terra – um futuro sem guerra.
O plano baseia-se numa visão concreta. Sempre que possível, esta visão de Dieter Duhm foi apresentada com base nos mais modernos fundamentos científicos sob a forma da «Teoria Política». Ela justifica, porquê e como apenas poucos centros especiais espalhados pelo mundo, denominados «Biótopos de Cura», bastam para substituir o campo de informação de medo e de violência existente, por um novo campo de informação de confiança e cooperação, que seja globalmente eficaz.
De que modo podem estes centros locais alcançar um efeito global? A resposta resulta das peculiaridades dos sistemas holísticos (integrais), cujo funcionamento e parâmetros, entre outros, também são descritos na «Teoria Política».
«Decisivo para o sucesso destes centros locais não é o quão grandes e fortes eles são (em comparação com os instrumentos de violência existentes), mas sim quão abrangentes e complexos eles são, quantos elementos da vida eles juntam e unificam em si de uma maneira positiva. Na formação de campos de evolução não é válido o «Direito dos mais fortes», mas sim o «sucesso dos mais abrangentes». De outro modo não se teria dado qualquer nova evolução, porque todos eles começaram «pequenos e desapercebidos» (Teilhard de Chardin) em «Futuro sem Guerra» de Dieter Duhm.
O que é um «Biótopo de Cura»?
Um Biótopo de Cura é o modelo de uma sociedade futura. Assim, tal como um novo protótipo, que em primeiro lugar é desenvolvido num laboratório, subjaz também ao projecto dos «Biótopos de Cura» a ideia de construir em primeiro lugar uma nova sociedade-modelo, antes de ser aplicável em grande escala. Numa futura cultura de paz, os problemas globais que hoje em dia conduzem à guerra são entendidos como resolvidos (ou num processo de resolução). Biótopos de Cura são, assim, locais nos quais estas soluções são preparadas. Os resultados têm de ser generalizáveis e estar à disposição de todas as pessoas que os procuram. Os Biótopos de Cura estão organizados de modo a que as várias soluções podem ser ligadas umas com as outras, até que a imagem de uma solução global se torne visível.
Por motivos de visibilidade global classificamos a solução global em:
1. O tema dos fundamentos materiais da vida
2. O tema dos fundamentos sociais da vida
3. O tema dos fundamentos espirituais da vida
Em todos os três domínios o Homem precisa de novas respostas, para tornar possível um futuro sem violência.
O problema dos fundamentos materiais da vida exprime-se na escassez mundial de água, de alimentação e energia, e na sua distribuição desigual. Desertificação, fome e exploração de matérias-primas são apenas algumas das palavras-chave para esta escassez, resultante de uma relação fundamentalmente falsa do Homem com a terra, com a água e com a natureza. Para corrigirmos isto, devemos criar sistemas de vida em concordância com os inesgotáveis sistemas e fontes de energia da natureza e da criação.
Concretamente, a solução consiste na construção de comunidades descentralizadas, regionalmente auto-sustentáveis, ricas em água, onde milhares de pessoas podem habitar. Com a ajuda de «paisagens de retenção da água», permacultura e de tecnologias de energia funcionando de acordo com as leis da natureza, estes centros (em número adequado) estão em condições, dentro de poucas décadas, de abastecer toda a humanidade com uma abundância de alimentos, água potável e a energia necessária. Simultaneamente, contribuirão para a cura dos ecossistemas e dos seres vivos presentes na Natureza. A aparente contradição entre crescimento económico e a protecção da natureza é resolvida.
As novas tecnologias energéticas já não se baseiam na refracção de resistências, mas seguem antes uma «line of tension» (a chamada implosão). Elas ligam os novos centros com as inesgotáveis fontes de energia do Sol e do Cosmos. A luta pelas matérias-primas termina.
O fundamento social da vida está hoje destruído em todas as sociedades. A humanidade perdeu a capacidade de viver conjuntamente em paz. Medo, alienação e desconfiança levam a conflitos insolúveis desde os mais pequenos sistemas de vida do casamento e família, até aos grandes conjuntos de crises globais e guerras. A todo o momento pode irromper a disposição latente para a violência e ser utilizada para guerras e confrontos mais cruéis.
Nos Biótopos de Cura se demonstra como, através da construção de novos ambientes de vida, se podem desenvolver a cooperação e a confiança de um modo estrutural e duradouro. A mudança acontece não (só) através de terapias individuais ou apelos. Marx disse, “É o ser social que determina a consciência”. Um novo tipo de socialização é o mais elevado nível de ordem, no qual os conflitos até aqui insolúveis se tornam solucionáveis. As pessoas nestas novas comunidades apoiam-se mutuamente, ajudam-se uns aos outros e às suas co-criaturas, já não por obedecerem a um mandamento moral externo, mas sim porque reconheceram que todo o vivente é parte de uma grande família, a que eles próprios também pertencem.
No âmago da formação da confiança reside a reconciliação dos sexos. Não pode existir paz no mundo, enquanto houver guerra no amor. A sociedade patriarcal, dominada pelos homens, tem de se transformar numa forma de vida na qual mulheres e homens se tornem a ligar com o seu saber sensual, e o apliquem para uma cultura futura de parceria entre homem e mulher.
A luta contra o fundamento espiritual da vida é hoje tão total e subtilmente conduzida, que mal é percebida enquanto tal. Em primeiro lugar, reparamos apenas nas consequências desta “bancarrota espiritual” em casos como guerras religiosas, lutas fraticídas, estruturas de domínio e de opressão, empobrecimento psíquico, ira acumulada até à auto-destruição. A humanidade perdeu a sua autêntica âncora religiosa e ética. O «regresso do desterro» está relacionado com a aprendizagem de uma nova visão do mundo, uma teoria da confiança primordial, que consiga abrir de novo o coração humano. Deste processo de aprendizagem resultam pessoas autónomas e que pensam por si mesmas, que já não se submetem a autoridades punitivas. Essas pessoas desenvolveram um “núcleo do Eu” forte e por isso são incorruptíveis. Eles tornam a própria vida numa instância sagrada e protegem-na onde quer que estejam. Os Biótopos de Cura são locais de formação espiritual para este tipo de homem.
Sobre o ponto da viabilidade
O Plano dos Biótopos de Cura está espiritualmente amadurecido e concebido tanto na teoria como na prática. Em 1995 foi criado o primeiro Biótopo de Cura – Tamera em Portugal. Hoje vivem e trabalham ali cerca de 170 colaboradores/as, estudantes, jovens e crianças. Nos primeiros anos trabalhou-se intensivamente na construção de uma comunidade sustentável. A pouco e pouco surgiram vários sub-projectos dentro de Tamera – os departamentos para a ecologia (paisagens de retenção de água), tecnologia (aldeia solar) e alimentação, o projecto animal, a república das crianças, o centro da juventude, a casa de hóspedes, o centro de formação, o departamento para a arte, a escola do amor, o Ashram político, a Grace Foundation e o Instituto para o Trabalho de Paz Global. O Campus Global foi construído com parceiros de cooperação em Israel-Palestina, Colômbia, México, Brasil, Índia e outros países. Uma rede internacional liga Tamera com projectos e indivíduos por todo o mundo. Nesta rede de contactos, as sementes para futuros Biótopos de Cura estão a ser germinadas. O projecto enfrenta agora o seu próximo nível de manifestação.
Próximos passos
- Biótopos de Cura e centros de paz necessitam de protecção e apoio international. Para esse propósito, um “conselho mundial” será constituído com pessoas que partilhem da mesma ideia, colaborem entre si e apoiem o plano.
- O plano passa pela partilha de conhecimento e divulgação internacional, para que mais e mais pessoas possam sentir que a mudança é realisticamente possível.
- Para além do indispensável “acordar político” para o que se está a passar no planeta Terra, um novo movimento de paz necessita de meios de comunicação social e de profissionais da área para construir e divulgar imagens e palavras de paz arquetípicas, através de, por exemplo, arte política, filmes, cobertura de eventos internacionais, etc. Podemos assim despertar o seu poder revolucionário subjacente, para que esta informação esteja em consonância com um desejo ancorado na alma de todos os seres humanos.
- É necessário disponibilizar livremente o conhecimento a todos os interessados. São cada vez mais as pessoas em todo o Mundo a estudar estes novos pensamentos. Estamos a trabalhar para disponibilizar uma série de webinars gratuitos sobre todos estes tópicos.
- Todos os aspectos acima mencionados requerem o apoio de doações, de cobertura e apoio jornalísticos, e de pessoas que se comprometam a contribuir para esta manifestação.
Obrigado!
Para mais informações, por favor contactem-nos!
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